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O império dos brindes: como o ato de brindar se tornou um código universal de esperança

  • Foto do escritor: Maiara Rodrigues
    Maiara Rodrigues
  • 22 de out.
  • 3 min de leitura

Brindar é um gesto simples taças que se tocam, olhares que se cruzam, promessas silenciosas entre sorrisos. Mas por trás desse movimento quase automático existe uma história longa e fascinante. O ato de brindar atravessou séculos e fronteiras, transformando-se num código universal de esperança, presente em celebrações, conquistas e até em momentos de despedida.


Taças se encontrando em um brinde sob luz dourada.


Das mesas dos reis aos bares populares


O gesto de brindar tem origens que remontam à Antiguidade. Há registros de que gregos e romanos levantavam suas taças em rituais religiosos, oferecendo o vinho aos deuses como sinal de gratidão e prosperidade. Brindar era, antes de tudo, um ato sagrado a conexão entre o humano e o divino.


Com o tempo, o ritual saiu dos templos e ganhou as mesas reais. Na Idade Média, os banquetes incluíam o brinde como gesto de confiança: tocar as taças garantia que nenhuma bebida havia sido envenenada. O som do tintim simbolizava não apenas celebração, mas também segurança e cumplicidade.


O brinde como linguagem universal


Hoje, o ato de brindar é talvez uma das poucas tradições que sobreviveram praticamente inalteradas em todo o mundo. Cada cultura adaptou o gesto ao seu modo dos “cheers” britânicos aos “kanpai” japoneses, passando pelos “saúde” lusófonos. O que muda é o idioma, mas a mensagem é sempre a mesma: desejar o bem e compartilhar esperança.


A força simbólica do brinde está justamente em sua simplicidade. Ele une desconhecidos, sela acordos, celebra vitórias e ameniza perdas. Em casamentos, é sinônimo de novos começos; em despedidas, de gratidão. Em tempos de incerteza, o gesto de erguer um copo continua dizendo, sem palavras, que a vida segue e que ainda há motivos para acreditar.


Entre o sagrado e o profano: o significado moderno


No século XXI, o brinde ganhou novas interpretações. Com o avanço das redes sociais e das celebrações coletivas, ele se tornou um ritual de pertencimento. Nas festas, eventos corporativos ou encontros familiares, o brinde é o instante de pausa que marca o “estamos juntos”.


Psicólogos sociais apontam que rituais como esse fortalecem laços e reduzem a sensação de isolamento. Brindar, nesse sentido, é um gesto de empatia uma maneira de reconhecer o outro. Seja com champanhe, café ou suco, o que importa é o ato simbólico de erguer algo em comum.


Até marcas e campanhas publicitárias se apropriaram dessa força simbólica, transformando o brinde em um ícone de otimismo coletivo. Mas, longe da publicidade, o gesto ainda pertence às pessoas e à sua necessidade de celebrar pequenas vitórias cotidianas.


Curiosidades e expressões culturais


  • No Japão, brindar olhando nos olhos é sinal de respeito.

  • Na Alemanha, não fazer contato visual ao brindar é considerado falta de educação.

  • Em algumas culturas latinas, é de mau agouro brindar com água.

  • Em casamentos russos, acredita-se que quanto mais alto o som do brinde, mais sólida será a união.


Essas variações mostram como o gesto se adaptou, mantendo viva sua essência: a partilha. Em todas as versões, o brinde continua sendo um símbolo de conexão humana e esperança.


O brinde como ato de esperança


No fundo, brindar é mais do que celebrar é reafirmar a confiança no futuro. Quando taças se tocam, há uma promessa implícita de continuidade: de reencontros, de amor, de prosperidade. Em tempos desafiadores, o ato de brindar funciona como uma pequena declaração de fé coletiva.


Não é à toa que o gesto ressurge sempre que o mundo passa por crises. Durante a pandemia, por exemplo, milhões de pessoas brindaram à distância, pela tela, mantendo viva a tradição mesmo sem o toque físico das taças. O som do brinde virtual ecoava a mesma mensagem ancestral: seguimos juntos.


Conclusão


O ato de brindar sobreviveu ao tempo porque é, antes de tudo, um gesto de humanidade. Ele sintetiza o que une as pessoas o desejo comum de celebrar, agradecer e projetar esperança. Seja em festas luxuosas ou encontros simples, cada brinde é uma pequena forma de dizer: “estamos vivos, e ainda acreditamos no amanhã”.

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