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Gastronomia do absurdo: quando o jantar vira arte performática

  • Foto do escritor: Maiara Rodrigues
    Maiara Rodrigues
  • 30 de set.
  • 2 min de leitura

O que acontece quando um jantar deixa de ser apenas sobre sabores e passa a questionar a própria ideia de comer? Essa é a proposta da chamada gastronomia do absurdo, tendência que une comida, arte conceitual e performance em experiências que nem sempre priorizam a saciedade, mas sim provocar reflexão.


Mesa minimalista com pratos vazios


O que é a gastronomia do absurdo?


O termo descreve eventos e menus experimentais que desafiam a lógica tradicional da culinária. Em vez de pratos clássicos ou técnicas de alta gastronomia, os chefs-artistas criam situações em que o ato de comer vira parte de uma obra.


Em alguns casos, o prato não chega a existir no formato esperado: pode ser uma projeção de comida em realidade aumentada, um aroma servido em frasco, ou ainda uma performance em que o público participa da criação.


Quando comida vira espetáculo


Esses jantares lembram mais um happening artístico do que um serviço de restaurante. Algumas experiências já registradas incluem:

  • Pratos invisíveis: menus em que os convidados recebem talheres, instruções e até louças, mas nada de comida concreta.

  • Ingredientes desconstruídos: elementos de uma refeição servidos em formatos inesperados, como um "bife em som" (grave reproduzido por caixas acústicas) ou um "vinho em cor" (luz projetada no ambiente).

  • Participação ativa: convidados que cozinham parte do menu sem orientação, virando coautores da refeição.


Inspirações na arte e no teatro


A gastronomia do absurdo se aproxima de movimentos artísticos do século XX, como o dadaísmo e o surrealismo, que buscavam romper convenções. Assim como no teatro performático, o objetivo não é oferecer respostas, mas abrir espaço para perguntas: até que ponto precisamos da comida no prato para que um jantar exista?


Experiência ou provocação?


Para quem participa, a sensação pode oscilar entre fascínio e frustração. Há quem saia transformado pela reflexão sobre consumo, estética e sociedade de abundância. Outros se decepcionam, especialmente quando esperavam uma refeição tradicional.

O curioso é que muitos desses eventos não têm foco em sabor ou técnica culinária. A ênfase está em criar desconforto e surpresa, como forma de questionar padrões do que entendemos como “comer bem”.


Onde encontrar


Essas experiências são raras e geralmente ocorrem em grandes centros culturais ou festivais de arte contemporânea. Alguns coletivos gastronômicos e artistas independentes já organizaram eventos em cidades como São Paulo, Berlim e Tóquio, sempre em contextos ligados à cena artística.


Conclusão


A gastronomia do absurdo talvez nunca ocupe o espaço da alta cozinha ou do mercado gastronômico tradicional, mas cumpre um papel: provocar reflexão sobre os limites entre arte e comida. Ao transformar o jantar em espetáculo, ela desafia nosso paladar e também nossas certezas sobre o que significa sentar-se à mesa.

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