Tuca Mezzomo
- Ana Beatriz

- 13 de out.
- 3 min de leitura
Nascido em Caxias do Sul (RS), Tuca Mezzomo cresceu cercado pela natureza, pela tradição e pelos sabores de uma infância marcada por ingredientes frescos e refeições em família. A comida, desde cedo, era mais do que sustento — era um ato de convivência e expressão.

Aos 17 anos, decidiu trocar a faculdade de Direito pela cozinha. Formou-se no curso de gastronomia do Senac Campos do Jordão, e logo entendeu que a profissão exigia mais do que paixão: pedia disciplina, entrega e curiosidade.
Sua jornada o levou para o mundo. Trabalhou em cozinhas de países como Espanha, Dinamarca e Estados Unidos, em restaurantes que exploravam diferentes vertentes da gastronomia contemporânea. Essa experiência internacional foi determinante para o estilo que desenvolveria anos mais tarde no Charco: uma cozinha autoral, intuitiva e profundamente conectada com a terra.
O nascimento do Charco
Aberto em 2019, o Charco nasceu da parceria entre Tuca e o empresário e sommelier Felipe Ribenboim. A casa, localizada em um sobrado dos Jardins, em São Paulo, se tornou um espaço onde o fogo é o ponto de partida para tudo: grelha, brasas e defumação são as bases da experiência.
Mas ao contrário do que o nome sugere, o Charco vai além do fogo. É uma celebração do ingrediente em todas as suas formas — do vegetal ao animal, do frescor à fermentação.
“Eu não queria apenas servir comida boa. Queria contar histórias através do sabor”, já disse o chef em entrevistas anteriores. No Charco, essa filosofia se traduz em pratos que unem técnica refinada e respeito à sazonalidade.
Entre os destaques, estão preparos como o pirarucu na brasa com tucupi e jambu, o cará grelhado com emulsão de alho negro, e as sobremesas que exploram texturas e contrastes — como o sorvete de milho tostado.
Fogo, natureza e propósito
A cozinha de Tuca é movida por três pilares: ingrediente, tempo e verdade. Ele valoriza a origem do produto, o tempo de preparo e o respeito por cada processo — do plantio à finalização no prato.
O uso do fogo é quase filosófico. Ele não é apenas uma ferramenta, mas uma linguagem. Com ele, o chef traduz o sabor da terra, o perfume da fumaça e a textura da madeira.
Essa conexão com o natural vai além do cardápio: o Charco trabalha com pequenos produtores, hortas sazonais e práticas sustentáveis. Para Tuca, a cozinha deve refletir o mundo em que vivemos — e, se possível, torná-lo melhor.
Reconhecimento e amadurecimento
Em poucos anos, o Charco conquistou reconhecimento nacional e internacional. O restaurante figura nas listas da Veja São Paulo Comer & Beber, Prazeres da Mesa e, desde 2023, no Guia Michelin Brasil, consolidando-se como uma das casas mais respeitadas da nova geração paulistana.
Além do prestígio profissional, Tuca também é reconhecido pelo temperamento calmo e pelo olhar sensível. Seus colegas o descrevem como um chef que lidera pelo exemplo — mais observador do que autoritário, mais atento do que performático.
Um futuro que ainda cozinha lentamente
Em um cenário gastronômico cada vez mais acelerado, Tuca Mezzomo representa o oposto da pressa. Sua cozinha é uma pausa, um convite a sentir o tempo.
Enquanto o Charco segue evoluindo, o chef aposta em novos projetos ligados à educação e à sustentabilidade — sem pressa, como tudo que faz.
Afinal, como ele próprio costuma dizer, “cozinhar é, antes de tudo, um ato de paciência — com o fogo, com o ingrediente e consigo mesmo”.
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