Mais que pão francês: por que as padarias são tão importantes em São Paulo
- Tali Americo

- 1 de jul.
- 2 min de leitura
Atualizado: 4 de ago.
De ponto de encontro a restaurante gourmet, as padarias moldaram hábitos e fazem parte da identidade paulistana como poucas instituições.
Quem mora em São Paulo sabe: padaria é quase extensão de casa. Lugar para tomar café da manhã, almoçar, fazer reunião, comprar bolo de aniversário, encomendar ceia de Natal ou simplesmente trocar uma ideia com o balconista. As padocas — como são carinhosamente chamadas — são parte da rotina e da alma da cidade.
A tradição tem raízes profundas. No final do século 19 e começo do 20, a capital paulista começou a receber grandes ondas de imigrantes europeus, especialmente portugueses e italianos, que trouxeram seus costumes e suas receitas. Os portugueses, em especial, dominavam a arte da panificação e abriram as primeiras padarias da cidade — muitas vezes acopladas às próprias casas.
Com o tempo, a padaria deixou de ser apenas um lugar para comprar pão e passou a oferecer café, frios, bolos, doces, lanches e até refeições completas. Nos anos 1980 e 1990, com a urbanização acelerada e os novos hábitos de consumo, muitas padarias se reinventaram e se transformaram em verdadeiros mini restaurantes, com buffet, pizzaria, sushi bar e adega.
Hoje, São Paulo abriga mais de 6 mil padarias, que produzem cerca de 10 milhões de pães franceses por dia, segundo dados do Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria (Sampapão). Mas além do pão quentinho, elas servem algo ainda mais essencial: acolhimento e conveniência.

Algumas casas viraram ícones da cidade. A Bella Paulista, na região da Paulista, ficou famosa por funcionar 24 horas e receber artistas e notívagos. A Padaria Real, em Pinheiros, atrai clientes de todo o estado por seus quitutes premiados. Já padarias como a Fabrique, a Le Blé ou a Z Deli Bakery apostam em fermentação natural, cafés especiais e pães artesanais, atendendo a um público em busca de qualidade e autenticidade.
Seja no balcão da esquina ou numa vitrine com croissant de fermentação lenta, a padaria segue firme como um dos símbolos mais afetivos e democráticos de São Paulo. É onde o dia começa, o encontro acontece e o cheiro de pão fresco continua sendo um convite diário ao bem-estar.
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