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Cozinhas de migração: como refugiados e imigrantes estão renovando a gastronomia paulistana

  • Foto do escritor: Ana Beatriz
    Ana Beatriz
  • 25 de jul.
  • 2 min de leitura

De feiras a pequenos negócios de bairro, a presença de cozinheiros migrantes tem transformado o panorama gastronômico de São Paulo. Mais do que trazer sabores diferentes, essas cozinhas carregam histórias de adaptação, resistência e uma nova forma de pensar o ato de se alimentar.


Elas não seguem tendências — criam novas.


Cozinhas de migração: como refugiados e imigrantes estão renovando a gastronomia paulistana

Quando cozinhar é recomeçar


Para muitos refugiados e imigrantes, a comida é o primeiro idioma compreendido em terras estrangeiras. Em meio às barreiras linguísticas e à instabilidade, a cozinha se torna um ponto de apoio, uma forma de se conectar com as raízes e, ao mesmo tempo, fincar novos alicerces.


Cozinhar, nesses contextos, não é apenas sobre sustento. É sobre memória, reconstrução e pertencimento. Muitas vezes, é também a maneira mais rápida — e possível — de começar de novo.


Sabores que expandem o repertório da cidade


Quando provamos algo que não conhecíamos, não estamos apenas acessando novos ingredientes — estamos acessando outras formas de ver o mundo. E é isso que essas cozinhas oferecem: um repertório ampliado, que mistura técnicas ancestrais com adaptações criativas, ingredientes locais com receitas que atravessaram fronteiras.


A cidade, que já é diversa por natureza, ganha mais camadas de complexidade. Cada prato servido é uma narrativa, um convite à escuta e à empatia.


O improviso vira inovação


A inovação aqui não está nos aparatos tecnológicos ou nas apresentações sofisticadas. Está na criatividade de quem precisou se reinventar com pouco. Está nas receitas recriadas com ingredientes acessíveis, nas combinações inesperadas que surgem do improviso — e que, muitas vezes, surpreendem o paladar.


São Paulo é cheia de restaurantes de autor. Mas essas cozinhas de migração são, talvez, o exemplo mais autêntico de autoria em ação.


Não é sobre “exotismo” — é sobre humanidade


É comum ver essas iniciativas sendo apresentadas como “exóticas”, “diferentonas”, “instagramáveis”. Mas por trás da curiosidade estética, existe um ponto importante: essas cozinhas são espaços de dignidade.


Elas desafiam a ideia de que inovação só vem dos grandes centros e mostram que a gastronomia mais transformadora é, muitas vezes, a que nasce longe dos holofotes.


Comer como ato de escuta


Ao se sentar à mesa diante de um prato feito por alguém que veio de longe, não estamos apenas consumindo comida. Estamos abrindo espaço para histórias, para outras realidades, para múltiplas identidades culturais.


Essas cozinhas não pedem protagonismo. Elas apenas existem — e, por existir, já dizem muito.


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