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Claude Troisgros

  • Foto do escritor: Ana Beatriz
    Ana Beatriz
  • 16 de set.
  • 3 min de leitura

Tradição, inovação e o legado francês que floresce no Brasil.


Um francês que fez do Brasil sua casa.



Claude Troisgros
Claude Troisgros

Filho de uma das famílias mais influentes da gastronomia mundial, Claude Troisgros desembarcou no Rio de Janeiro em 1979 para uma temporada que deveria ser curta.


Quase meio século depois, ele não só permanece no país como se tornou um dos maiores embaixadores da fusão entre a tradição francesa e a diversidade brasileira.


À frente de seis restaurantes, presença constante na televisão e mentor de novas gerações de chefs, Claude é hoje referência incontornável da alta gastronomia brasileira.





Raízes francesas, inspiração familiar


Nascido em 1956, em Roanne, no coração da região de Loire, Claude cresceu no epicentro da nouvelle cuisine. Seu pai, Pierre Troisgros, ao lado do tio Jean, revolucionou a forma de pensar a cozinha francesa nos anos 1960, priorizando leveza, frescor e valorização dos ingredientes.


Desde cedo, Claude respirava esse ambiente criativo. Estudou na Escola de Hotelaria de Thonon-les-Bains e fez estágios com ícones como Paul Bocuse. O aprendizado técnico se somava à inquietude de quem carregava um sobrenome já sinônimo de revolução gastronômica.


Do Loire ao Rio de Janeiro


O convite para trabalhar no restaurante Pré-Catelan trouxe Claude ao Brasil no fim da década de 1970. Inicialmente contratado por dois anos, ele se encantou com o país. “Descobri um universo de cores e sabores tropicais que mudaram a minha forma de cozinhar”, já declarou em entrevistas.


Logo vieram os primeiros empreendimentos: o Roanne, em São Paulo, e depois o Olympe, no Rio de Janeiro. Nestes espaços, Claude começou a materializar sua proposta: aplicar a técnica francesa clássica a ingredientes brasileiros como tucupi, mandioca, peixes amazônicos e frutas tropicais.


Olympe e a cozinha da fusão


Fundado em 1983, o Olympe tornou-se símbolo da alta gastronomia franco-brasileira. O restaurante recebeu reconhecimento internacional, incluindo menções no Guia Michelin, e se consolidou como um laboratório criativo onde a tradição familiar se reinventava em solo tropical.


Ao lado do Olympe, nasceram outros projetos: o CT Brasserie, o CT Boucherie e casas mais acessíveis que aproximaram o público da proposta autoral de Claude. Já em 2022, o chef surpreendeu ao lançar o projeto Mesa do Lado, experiência sensorial que une menu degustação, música e projeções visuais em um jantar que ultrapassa a fronteira da comida.


Um comunicador nato


Claude não se restringiu às cozinhas. Tornou-se também uma figura midiática marcante, conduzindo programas como Que Marravilha!, The Taste Brasil e Mestre do Sabor.

Na televisão, ele mostrou ao grande público que alta gastronomia pode ser acessível, traduzindo técnicas sofisticadas em linguagem leve e inspiradora. Ao mesmo tempo, consolidou-se como mentor de jovens cozinheiros, abrindo portas e transmitindo valores que herdou da família.


Reconhecimento e legado


Claude Troisgros já teve mais de 20 empreendimentos pelo Brasil e pelo mundo, e continua a expandir sua atuação. Seu legado vai além dos restaurantes: é a fusão de culturas, a adaptação da tradição a novos contextos e a criação de um estilo que hoje é marca registrada.


No Brasil, ajudou a popularizar a cozinha francesa e a valorizá-la em diálogo com ingredientes locais. No mundo, consolidou-se como símbolo de uma gastronomia que une identidade e inovação.


Desafios e futuro


Manter-se relevante em um cenário onde novas vozes e propostas surgem a cada ano é um dos principais desafios de Claude. Ainda assim, ele continua a apostar em experiências diferenciadas e na inovação constante.


Com novos projetos em Salvador e a expansão de conceitos já consagrados, Claude reafirma que tradição não é sinônimo de repetição, mas de raízes sólidas que permitem crescer em novas direções.


Um legado em movimento


Claude Troisgros representa a ponte entre a França e o Brasil. Carrega consigo a técnica rigorosa da nouvelle cuisine e a ousadia de quem soube transformar o exótico em cotidiano, o estrangeiro em familiar.


Mais do que servir pratos, ele criou histórias que unem memória, sabor e emoção — e fez da cozinha seu palco para encantar gerações.


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