top of page

Metanol nas bebidas: o que é, como chega a restaurantes e por que pode matar

  • Foto do escritor: Ana Beatriz
    Ana Beatriz
  • 2 de out.
  • 3 min de leitura

Nos últimos meses, casos de intoxicação por metanol em bebidas adulteradas têm mobilizado autoridades de saúde e polícia em várias regiões do Brasil. O alerta se estende a bares e restaurantes: como esse composto altamente tóxico chega a bebidas consumidas em ambientes aparentemente confiáveis e quais os riscos reais para quem bebe?


Bebidas sem procedência adequada são o ponto de partida do risco com metanol
Bebidas sem procedência adequada são o ponto de partida do risco com metanol

O que é metanol e por que é perigoso


O metanol, também chamado de álcool metílico, é uma substância com múltiplos usos industriais, presente em solventes, combustíveis e até em alguns produtos de limpeza. À primeira vista, sua estrutura química se assemelha ao etanol — o álcool que consumimos em cervejas, vinhos e destilados. Mas, quando ingerido, o metanol sofre uma transformação perigosa no organismo: é convertido em formaldeído e ácido fórmico, compostos que provocam lesões graves no sistema nervoso e podem levar à cegueira ou à morte.


A diferença em relação ao etanol é justamente a forma como o corpo processa cada um deles. Enquanto o etanol é metabolizado em substâncias que, em pequenas doses, são toleradas pelo organismo, o metanol gera resíduos altamente tóxicos. Pequenas quantidades já bastam para causar dor abdominal, náusea, tontura e visão turva. Doses mais altas, ou a demora no atendimento médico, podem ser fatais.


Como o metanol vai parar em bebidas


O metanol não deveria estar presente em nenhuma bebida alcoólica vendida legalmente. No entanto, há décadas ele é usado em adulterações criminosas. O motivo é simples e perverso: por ser barato e de fácil acesso no mercado industrial, acaba sendo utilizado para “fortalecer” bebidas de baixo custo, enganar consumidores e aumentar o lucro de falsificadores.


No Brasil, investigações recentes mostram que lotes de metanol destinados a combustíveis e outros usos industriais podem ter sido desviados para a produção clandestina de bebidas. Com garrafas falsificadas, rótulos copiados e vendas feitas por atravessadores informais, bares e restaurantes acabam comprando produtos que parecem legítimos, mas carregam uma substância letal.


O cenário atual nos restaurantes


Casos registrados em São Paulo acenderam o alerta em todo o país. Pelo menos cinco mortes já foram confirmadas após a ingestão de bebidas com suspeita de adulteração. Outras ocorrências, em estados como Pernambuco, estão sob investigação. Em operações recentes, autoridades apreenderam centenas de garrafas em bares e depósitos, muitas delas sem nota fiscal ou com lacres violados.


O problema se agrava porque restaurantes, mesmo sem perceber, podem se tornar pontos de disseminação desse tipo de produto. A busca por preços mais baixos, especialmente em tempos de dificuldade econômica, abre espaço para fornecedores clandestinos. A ausência de nota fiscal, a compra de lotes em vendedores ambulantes e a reposição de garrafas sem verificação minuciosa tornam o risco real e cotidiano.


O que consumidores e restaurantes precisam fazer


Para o consumidor, a primeira linha de defesa é a atenção. Bebidas compradas em locais informais, sem selo fiscal ou com rótulos mal impressos, devem ser evitadas. Em bares e restaurantes, vale reparar se a garrafa está devidamente lacrada e traz informações como CNPJ do fabricante, número de lote e data de validade. Ao menor sinal de sintomas como visão borrada, náusea ou dor abdominal após ingerir uma bebida suspeita, a recomendação é buscar atendimento médico imediato e informar a possibilidade de intoxicação por metanol.


Já bares e restaurantes têm uma responsabilidade ainda maior. Exigir nota fiscal e documentos de fornecedores, manter controle rigoroso de estoque e rejeitar qualquer produto sem lacre original ou com embalagem violada são práticas essenciais. Estar atento às normas sanitárias e colaborar com as fiscalizações não protege apenas a reputação do estabelecimento, mas também a saúde dos clientes.


O caso do metanol nas bebidas adulteradas mostra que o problema não está restrito a ambientes clandestinos, mas pode atingir bares e restaurantes frequentados diariamente. A diferença entre etanol e metanol, invisível ao olhar do consumidor, é questão de vida ou morte. Informar-se, fiscalizar e denunciar suspeitas são atitudes fundamentais para conter esse tipo de crime. A responsabilidade recai sobre toda a cadeia: fabricantes, distribuidores, comerciantes e também sobre quem consome. Afinal, cada dose ingerida em segurança depende de escolhas conscientes — e da certeza de que o que está no copo é realmente o que parece ser.

Comentários


bottom of page