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Histórias da Culinária: O sorvete

  • Foto do escritor: Tali Americo
    Tali Americo
  • 25 de nov.
  • 2 min de leitura
Do gelo dos imperadores ao picolé da esquina: a doce história do sorvete


Muito antes de existir freezer, geladeira ou máquina de sorvete, o homem já sonhava em transformar gelo e frutas em algo doce. Há registros de misturas geladas desde 2000 a.C., quando os chineses combinavam neve com frutas, mel e vinho de arroz — uma forma primitiva e nobre de refresco. Os persas também preparavam sobremesas à base de gelo e xarope de frutas, conhecidas como sharbat, termo que mais tarde originaria a palavra “sorbet”.


Foi Alexandre, o Grande, quem levou a ideia ao Ocidente. Fascinado pelas bebidas geladas que conheceu em suas campanhas pela Ásia, o conquistador teria levado o hábito ao Mediterrâneo. Séculos depois, os árabes refinaram o processo ao misturar leite e açúcar, criando o embrião do que conhecemos como sorvete moderno.


Primeiras menções ao sorvete são da China, há mais de 2 mil anos atrás
Primeiras menções ao sorvete são da China, há mais de 2 mil anos atrás

A Itália renascentista transformou a invenção em arte. Diz a tradição que o arquiteto Bernardo Buontalenti, a serviço da corte dos Médici em Florença, desenvolveu uma receita de creme gelado à base de leite, mel e ovos — servida em banquetes da elite florentina. Já no século XVII, a delícia cruzou o Atlântico com imigrantes europeus e ganhou versões cada vez mais populares. A revolução industrial foi decisiva: em 1843, a americana Nancy Johnson patenteou a primeira máquina de sorvete de manivela, tornando o produto acessível a todos.


No Brasil, o sorvete chegou ao Rio de Janeiro por volta de 1834, quando navios vindos dos Estados Unidos traziam blocos de gelo do Alasca para conservar os produtos. O primeiro registro comercial foi da “Sorveteria do Cattete”, que vendia sabores como abacaxi, morango e baunilha. Hoje, o país é o 10º maior consumidor do mundo, segundo a Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes (ABIS), movimentando mais de R$ 16 bilhões por ano.


Há também um lado afetivo inegável: o som do carrinho, o ritual do domingo, o sabor da infância. Do artesanal ao soft, do picolé ao gelato, o sorvete segue sendo um símbolo de prazer democrático — um pedaço de felicidade que derrete, mas não se apaga da memória.

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