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Doçuras e travessuras gourmet: o Halloween que o Brasil reinventou

  • Foto do escritor: Maiara Rodrigues
    Maiara Rodrigues
  • há 7 dias
  • 3 min de leitura

Nos últimos anos, o Halloween no Brasil deixou de ser uma simples data importada dos Estados Unidos para se tornar um verdadeiro palco de criatividade culinária. O que antes se resumia a festas escolares com fantasias e balas coloridas, hoje movimenta confeitarias, restaurantes e influenciadores que apostam em doçuras e travessuras gourmet uma mistura de estética assustadora e sabor refinado.


Vitrine de confeitaria com doces inspirados em Halloween, coloridos em tons de laranja e roxo.


A data, que coincide com o aumento das temperaturas e a temporada de festas de fim de ano, ganhou o tempero tropical: ingredientes locais, técnicas autorais e muita ousadia na apresentação. O Halloween brasileiro é, cada vez mais, uma expressão cultural híbrida — global nas referências, mas local nos sabores.


Doces que assustam no melhor sentido


O universo das doçuras gourmet de Halloween ganhou espaço nas vitrines e nas redes sociais. Cupcakes em formato de múmias, brownies “sangrentos” com calda de frutas vermelhas e bombons de abóbora com especiarias são apenas alguns exemplos do repertório criativo que as confeitarias vêm explorando.


“Os clientes buscam a experiência completa querem o doce bonito, temático, mas que também surpreenda no sabor”, comenta a chef confeiteira fictícia Marina Lopes, conhecida por suas releituras tropicais do Halloween. Entre suas criações, o destaque vai para o enterradinho de maracujá com crumble de cacau e o olho de coco, um bombom artesanal que imita o famoso adereço das festas de terror.


O fenômeno é impulsionado pela estética do “instagramável”. O visual impactante dos doces com tons intensos, formas irreverentes e nomes divertidos tem impulsionado vendas tanto em lojas físicas quanto por encomendas online.


Da abóbora à rapadura: ingredientes brasileiros ganham o centro do palco


Enquanto a abóbora segue como símbolo clássico do Halloween, os confeiteiros brasileiros têm reinventado sua aplicação, substituindo o tradicional pumpkin pie americano por versões tropicais, com rapadura, castanhas e frutas típicas. A criatividade culinária também passa pelo aproveitamento sustentável de ingredientes uma tendência forte na gastronomia contemporânea.


Alguns exemplos que vêm se destacando nas confeitarias artesanais:


  • Brigadeiro de abóbora com canela, inspirado no tradicional doce de festa junina.

  • Trufa de cupuaçu com chocolate meio amargo, uma fusão entre o terroir amazônico e o luxo europeu.

  • Cookies de aveia e melado com aranhas de chocolate, pensados para o público infantil.


Essas combinações mostram que o Halloween brasileiro é mais sabor que susto — um festival de cores, aromas e narrativas locais.


Crescimento no mercado e nas redes


O movimento “Halloween gourmet” já é notado em números. Segundo estimativas de associações do setor, o consumo de doces e sobremesas personalizadas na segunda quinzena de outubro cresce cerca de 25% ao ano desde 2021. Pequenas confeitarias, influenciadores gastronômicos e até marcas de ingredientes profissionais se beneficiam da tendência.


No Instagram e no TikTok, as hashtags #HalloweenGourmet e #DocesAssustadores somam milhões de visualizações. Vídeos que mostram o processo de decoração — de bolos que “sangram” ao corte até tortas com recheio oculto viraram entretenimento e estratégia de marketing.


Festas temáticas e cardápios especiais


O movimento não para nas confeitarias. Restaurantes e bares têm aderido ao clima de doçuras e travessuras gourmet com menus especiais que unem gastronomia e performance. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, casas criam jantares temáticos com iluminação laranja, drinks com gelo seco e sobremesas que “falam por si”.

Entre os destaques:


  • Drink “Caldeirão de Bruxa”, feito com gin, limão e fumaça aromática.

  • Risoto de tinta de lula com crocante de abóbora, uma leitura sofisticada do visual sombrio do Halloween.

  • Petit gâteau de chocolate com calda vermelha de frutas vermelhas, que lembra sangue ao escorrer.


Essas experiências reforçam o caráter híbrido da data: uma mistura de espetáculo, sabor e diversão.


O Halloween como expressão cultural


Mais do que uma oportunidade comercial, o Halloween no Brasil se transformou em um fenômeno cultural. A celebração antes vista como estrangeira passou a dialogar com a identidade local. Em algumas regiões, o “Dia das Bruxas” convive com o Dia do Saci, reforçando a valorização de mitos e personagens nacionais.


Esse equilíbrio entre global e local é o que torna o Halloween brasileiro único: as fantasias podem ser inspiradas em filmes americanos, mas as mesas contam histórias contadas em português de doce de leite, tapioca e maracujá.


Um Halloween que tem sabor de Brasil


Ao reinventar o Halloween, o Brasil mostra sua habilidade de transformar tendências importadas em manifestações culturais próprias. Entre abóboras e brigadeiros, fantasias e forminhas coloridas, o país celebra o encontro entre tradição e inovação.


No final das contas, o que define o sucesso das doçuras e travessuras gourmet é o mesmo que define a culinária brasileira: criatividade, diversidade e prazer em compartilhar.

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