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Dia do Bacon: o alimento que sobrevive à balança, aos preços e aos protestos

  • Foto do escritor: Tali Americo
    Tali Americo
  • 31 de ago.
  • 3 min de leitura

Comemorado em 31 de agosto, o bacon ainda é símbolo de prazer e indulgência em todo o mundo — mesmo diante das ondas vegetarianas, da inflação e das críticas à sua reputação nutricional


31 de agosto, dia do bacon
31 de agosto, dia do bacon

O bacon tem seu dia oficial em 31 de agosto, uma data marcada por celebrações bem-humoradas em bares e redes sociais, mas que também levanta questões mais profundas: por que seguimos tão fascinados por essa carne processada, mesmo em uma era de produtos plant-based, dietas restritivas e crescente consciência alimentar?

A resposta está em uma mistura de história, identidade cultural, sabor e, claro, mercado. O bacon não apenas sobrevive — ele se reinventa e se fortalece.


Um sabor milenar


As primeiras referências ao bacon remontam à China Antiga, cerca de 1500 a.C., onde carnes suínas eram curadas em sal. O termo "bacon", porém, só surge séculos depois, derivado do inglês antigo bæc, que designava o dorso do porco. Na Europa medieval, o bacon era uma das principais fontes de proteína entre camponeses. Já nos Estados Unidos, ele ganhou status de ícone pop — presente no café da manhã tradicional, em sanduíches e, mais recentemente, em milk-shakes e donuts.


No Brasil, embora a palavra "bacon" seja importada, o consumo de toucinho e carnes defumadas faz parte da tradição culinária desde o período colonial, especialmente nas cozinhas caipira, mineira e sulista. O sabor defumado, salgado e crocante do bacon se espalhou pelo país, hoje presente de forma transversal: do boteco ao brunch sofisticado, do hambúrguer artesanal ao prato executivo do dia.


O peso do bacon na economia


Os Estados Unidos seguem como o maior produtor de bacon do mundo, com mais de 2,5 milhões de toneladas anuais. A China e a União Europeia vêm na sequência. O Brasil, embora ainda atrás em volume, é um dos mercados com maior potencial de expansão. Em 2024, foram produzidas cerca de 600 mil toneladas por aqui — com expectativa de crescimento constante até o fim da década.


Esse crescimento é puxado principalmente pelo varejo. Dados de consultorias do setor mostram que, mesmo com a inflação dos alimentos e o aumento do preço por quilo, o tíquete médio de compra de bacon no Brasil subiu mais de 100% nos últimos cinco anos.

Os consumidores passaram a comprar com menos frequência, mas optam por cortes premium e embalagens maiores, mantendo o produto no carrinho de compras — mesmo como indulgência ocasional.


O bacon resiste às mudanças de hábito


As últimas décadas testemunharam um crescimento expressivo do vegetarianismo e veganismo em diversos países. Estimativas indicam que cerca de 14% da população mundial adota alguma forma de dieta sem carne, e o Brasil está entre os líderes, com aproximadamente 30 milhões de pessoas se identificando como vegetarianas ou em transição.

Ainda assim, o bacon segue intocado no imaginário coletivo. Parte disso se explica pelo apelo sensorial: ele reúne aroma, textura crocante e umami — aquele sabor intenso e duradouro que estimula áreas profundas do cérebro ligadas à recompensa.


Culturalmente, o bacon se mantém presente em diversos países como uma espécie de “última tentação”. Na Alemanha, ele aparece como ingrediente da Flammkuchen. Na Itália, se manifesta em versões como pancetta e guanciale. Nos Estados Unidos, é estrela de sanduíches e fast-foods. E no Brasil, além do arroz, da farofa e da feijoada, o bacon ganhou protagonismo em hambúrgueres artesanais, pizzas, risotos e até brigadeiros salgados.


Bacon ou guanciale: há diferenças


Muitas receitas de origem italiana, como o carbonara clássico, pedem guanciale — carne curada da bochecha do porco, que não é defumada. O bacon, feito da barriga do animal, é defumado e tem sabor mais marcante. Ambos são ricos em gordura, mas diferem no aroma e na textura. Enquanto o guanciale derrete lentamente e confere untuosidade, o bacon tem um estalo crocante que conquista desde o primeiro contato.

Com o aumento do consumo de culinária italiana no Brasil, cresceu também a busca por produtos como pancetta e guanciale. Mas o bacon segue como líder absoluto de vendas entre as carnes curadas.


O ingrediente que virou símbolo


O bacon não é apenas um produto: ele virou ícone. Na cultura norte-americana, seu culto é tamanho que há velas, perfumes e até campanhas políticas em seu nome. No Brasil, embora mais discreto, ele também ganhou espaço como símbolo de prazer, desobediência alimentar e sabor absoluto.

Para além do mercado, o que sustenta essa permanência é a relação afetiva. O bacon não é comprado apenas por necessidade — ele é lembrança, é brunch de domingo, é a ponta crocante do feijão da avó. É transgressão em meio à rigidez das dietas. E é, acima de tudo, sabor.

Neste 31 de agosto, talvez você não precise de um motivo para comer bacon. Mas agora tem vários para entender por que ele ainda reina — e por que, mesmo em tempos de tantas mudanças alimentares, continua tão difícil deixá-lo para trás.


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