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Com a onda do metanol, como bares e restaurantes podem proteger o lucro sem perder a confiança do público

  • Foto do escritor: Ana Beatriz
    Ana Beatriz
  • 6 de out.
  • 3 min de leitura

O surto de bebidas adulteradas com metanol acendeu o alerta em todo o setor de gastronomia e entretenimento. Em poucas semanas, bares e restaurantes de diferentes estados viram a queda no consumo de destilados impactar diretamente o faturamento — e, mais do que isso, colocar em risco a confiança do público.


Mas se o momento é de cautela, também é de criatividade. A onda do metanol, embora preocupante, está abrindo espaço para um novo movimento dentro do setor: a reinvenção das cartas de bebidas, o fortalecimento da rastreabilidade e a valorização da experiência gastronômica como motor principal do consumo.


Coquetel e mocktail lado a lado em um balcão iluminado
Coquetel e mocktail lado a lado

1. Mocktails e o boom das bebidas sem álcool


Uma das respostas mais rápidas ao impacto da crise veio dos próprios bartenders. Em casas como Tan Tan (SP) e outros endereços de referência, os mocktails — drinques sem álcool — deixaram de ser coadjuvantes e passaram a ocupar o centro do palco.


Segundo dados da Abrasel, o consumo de drinques sem álcool cresceu até 40% nas duas últimas semanas em alguns bares paulistanos. As casas que já investiam nesse segmento saíram na frente. O segredo? Integrar as criações ao cardápio de forma natural, com a mesma estética, complexidade e valor de coquetéis alcoólicos.


2. A virada estratégica para vinhos, espumantes e cervejas artesanais


Com os destilados temporariamente em xeque, muitos restaurantes estão direcionando o consumo para categorias com menor risco de adulteração, como vinhos, espumantes e cervejas artesanais.


A mudança não é apenas técnica, mas também cultural: reforça um novo momento de apreciação, em que o cliente busca transparência, origem e qualidade.


Além de preservar o faturamento, a estratégia permite trabalhar harmonizações gastronômicas, agregando valor à experiência e ampliando o ticket médio.


3. Rastreabilidade e confiança como diferenciais de marca


Em um momento em que o medo se espalha, a confiança virou ativo de negócio.


Bares e restaurantes estão reforçando o controle de procedência, exibindo selos, notas fiscais e até a lista de fornecedores para garantir transparência total. Em redes sociais, vídeos mostrando os bastidores — o recebimento e o armazenamento das bebidas — têm ajudado a tranquilizar o público e reconstruir a segurança do consumo.


Mais do que uma obrigação sanitária, a rastreabilidade virou estratégia de marketing e fidelização.


4. Fortalecer o protagonismo da gastronomia


Para quem tem uma boa cozinha, o momento é de transformar a comida em estrela do negócio.


Com a queda nas vendas de destilados, o foco volta-se para menus degustação, harmonizações não alcoólicas, experiências sensoriais e eventos gastronômicos.Essa mudança de eixo pode não só compensar as perdas no bar, mas ainda reforçar o posicionamento da casa como referência culinária.


5. Comunicação e acolhimento: o novo papel das equipes


O consumidor está mais cauteloso — e cabe às equipes de salão e bar atuarem como porta-vozes da confiança.


Treinamentos rápidos para responder dúvidas sobre origem das bebidas, ingredientes e processos internos são essenciais.Além disso, ações de marketing com linguagem empática e informativa ajudam a mostrar que o estabelecimento está consciente, seguro e comprometido com boas práticas.


6. Inovação em meio à crise


Apesar do impacto, o cenário também revela oportunidades: o crescimento do público que busca experiências seguras, autorais e saudáveis.


A tendência de mocktails, fermentados naturais, destilados artesanais rastreados e menus de coquetelaria gastronômica pode se consolidar mesmo após a crise — transformando o que começou como contingência em movimento permanente de reinvenção.


O impacto da onda do metanol vai muito além da queda nas vendas: ele escancarou a necessidade de um novo modelo de confiança entre cliente e estabelecimento.


A crise, por mais severa que seja, também abre um espaço importante de evolução — tanto na segurança alimentar quanto na criatividade da hospitalidade brasileira.


Para os bares e restaurantes que souberem reagir com agilidade e estratégia, o metanol pode deixar uma lição valiosa: a de que inovar e cuidar podem ser as duas faces do mesmo copo.


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