A Força (e o Risco) dos Influenciadores na Gastronomia
- Léo Corvo

- 10 de nov.
- 2 min de leitura
Atualizado: 11 de nov.
Nos últimos anos, o universo da gastronomia deixou de depender exclusivamente de críticos tradicionais, guias impressos e colunas dominicais. A voz que dita tendências — e que lota mesas — agora vem de um novo protagonista: o influenciador digital. De perfis gigantes a microcomunicadores de bairro, eles alteraram o jogo de forma irreversível.
Mas qual é, de fato, a importância desses personagens para os restaurantes?

Audiência, desejo e fila na porta
O impacto é real e mensurável, ainda que os números variem entre regiões e públicos. Restaurantes que recebem cobertura de influenciadores relevantes costumam observar aumento imediato de tráfego nas redes, buscas no Google e, em muitos casos, filas físicas no dia seguinte.
Pequenos negócios relatam crescimentos de até 20% a 40% no movimento após vídeos virais — principalmente quando o criador mostra um prato de preço acessível ou um diferencial visual marcante.
A anatomia dos influenciadores gastronômicos
A cena digital se divide em tipos bem definidos:
• Os pagos pelo restaurante: conteúdo bonito, roteiro alinhado ao briefing e resultados previsíveis. São eficientes para lançamentos e reposicionamentos, mas podem perder credibilidade se exagerarem no entusiasmo.
• Os da “troca de comida”: mais baratos, mais espontâneos, porém menos qualificados. Para muitos, viram ruído: posts iguais, legendas rasas e fotos repetitivas que não constroem marca.
• Os críticos ácidos: ganham relevância pela sinceridade — ou pelo impacto do escândalo. Um post negativo pode destruir reputações, mas também estimula debate sobre qualidade e transparência.
• Os criadores de entretenimento gastronômico: pagam a conta, mostram o ambiente, comentam a experiência do jeito que vivem. São, hoje, os que mais conectam com o público real por gerarem confiança — o ativo mais valioso da era digital.
Nem sempre o barulho é bom
Apesar da visibilidade, há uma pergunta que paira no setor: a fama digital constrói marca ou cria dependência? O perigo é claro: crescer apenas por influência e não por consistência. Restaurantes podem ficar viciados na exposição e não estruturar operação, atendimento e padrão.
Para a imagem, o efeito é ambíguo. Exposição demais gera desgaste; exposição errada, afeta reputação. E quando o conteúdo parece “comprado”, o público desconfia.
A verdadeira importância
Influenciadores não criam sabor, não treinam brigadeiro, não organizam cozinha. Mas aceleram percepções. Eles amplificam o que já existe — tanto o bom quanto o ruim. O papel deles é relevante, mas não substitui a essência: produto, atendimento, ambiente e constância.
No fim, quem decide é o cliente — influenciado ou não.
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