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A Brasa que move Buenos Aires

  • Foto do escritor: Paula Labaki
    Paula Labaki
  • há 2 dias
  • 1 min de leitura

Atualizado: há 9 horas

Buenos Aires respira brasa. Basta caminhar por Palermo, San Telmo ou Recoleta para sentir aquele perfume inconfundível: gordura quente, lenha queimando devagar, fumaça doce que abraça a rua. Aqui, a brasa não é apenas técnica é cultura, identidade, quase religião.


Enquanto viajo pela cidade, observando parrillas cheias e cozinheiros que parecem maestros regendo fogo, penso no quanto a Argentina transformou a arte da brasa em uma linguagem própria. Eles não apressam nada. O ritual começa na lenha: quebra-se, organiza-se, acende-se. A brasa é construída com propósito, camada por camada, até alcançar aquela potência tranquila, constante, que só a paciência produz.



Nos restaurantes clássicos dos mais simples aos ícones como Don Julio e Fogón Assado o fogo está sempre à vista, como se dissesse ao cliente: “Aqui, a alma da casa cozinha ao vivo.” E não é apenas sobre carne. É sobre respeito pelo ingrediente, sobre o corte certo, o ponto exato, a confiança de colocar um pedaço de história sobre o fogo e deixá-lo contar sua própria verdade.


A Argentina me lembra que a brasa é, acima de tudo, conexão. Conexão com quem veio antes, com quem produz, com quem prepara e com quem senta para comer. É uma ponte entre tradição e modernidade e um lembrete de que, por mais equipamentos que inventem, nada substitui o sabor ancestral do fogo real, aquele que deixa memória na boca e marca no coração.


Volto dessa viagem com ainda mais certeza do que sempre acreditei: a brasa não é apenas um método. É um modo de viver. E Buenos Aires continua sendo um dos seus templos mais inspiradores.

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