Histórias da Culinária — A Origem do Hot Dog

Difícil pensar em festa junina, food truck ou final de balada sem ele: o hot dog, ou cachorro-quente, é um dos lanches mais democráticos do planeta. Mas a versão brasileira é única — e tem uma história que passa por guerras, imigrações, reinvenções e muita criatividade.

Da Alemanha aos Estados Unidos

O hot dog surgiu da fusão entre duas tradições alimentares alemãs: o pão e as salsichas. Imigrantes alemães levaram o costume para os Estados Unidos no século XIX, onde a combinação passou a ser vendida em feiras, parques e estádios. O nome "hot dog" teria nascido como uma brincadeira com os cachorros da raça dachshund, que lembrariam a forma da salsicha.

Com o tempo, o lanche se popularizou nos EUA, virou símbolo da comida de rua e ganhou status de ícone nacional, presente em todos os estádios de baseball e festas patrióticas.

A versão brasileira: mais é mais

No Brasil, o hot dog chegou pelas grandes cidades no século XX, e foi rapidamente tropicalizado. Sai o minimalismo americano (pão, salsicha, mostarda) e entra o maximalismo brasileiro: purê de batata, milho, ervilha, vinagrete, batata palha, queijo ralado, catupiry — cada estado com sua variação, e cada barraca com seu toque pessoal.

Em São Paulo, o purê de batata virou marca registrada. No Rio, o cachorro-quente é mais seco, com salsicha em molho vermelho e ovos de codorna. No Sul, é comum encontrar versões com chucrute. Já em festas infantis, a versão mini virou item obrigatório.

Mais do que lanche: um rito

O hot dog brasileiro é um ritual. Seja no final da balada, na porta da escola, no recreio ou na quermesse, ele reúne o improviso da rua, a fartura do sabor e a sociabilidade do ato de comer em pé, em grupo, com guardanapo de papel e batata caindo do pão.

Mais do que um lanche, o cachorro-quente virou parte da nossa cultura urbana. E como toda boa história culinária, ele continua mudando — mas sem nunca sair de moda.