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A tarifa de 50% dos EUA sobre produtos brasileiros começa em 1º de agosto – e já pressiona a mesa do brasileiro

  • Foto do escritor: Tali Americo
    Tali Americo
  • 11 de jul.
  • 3 min de leitura

A medida afetará commodities como carne, café e laranja, e terá repercussões diretas no mercado doméstico e nos custos para restaurantes.


Brasil responde por 60–70% do suco de laranja norte-americano
Brasil responde por 60–70% do suco de laranja norte-americano

Na última semana, o governo dos Estados Unidos anunciou um aumento drástico nas tarifas para produtos brasileiros: enquanto até então incidia 10%, a partir de 1º de agosto de 2025 entra em vigor uma tarifa de 50% sobre uma ampla gama de exportações, incluindo café, suco de laranja, carne e aeronaves. A medida, de cunho político, foi justificada pelo governo americano como uma retaliação às ações judiciais envolvendo o ex-presidente Bolsonaro. O Brasil reagiu com firmeza: o presidente Lula já sinalizou a ativação da Lei da Reciprocidade, prometendo medidas equivalentes contra produtos norte-americanos caso as negociações fracassem .


O impacto na economia americana e repercussão global

O impacto imediato se manifestou nos preços nos EUA. Os futuros do café reagiram com alta, pressionados pela possível limitação de importações brasileiras. Enquanto isso, os contratos de suco de laranja dispararam cerca de 6%, e os preços da carne também devem se ajustar para refletir o custo do imposto adicional .


Essas commodities são fundamentais no comércio bilateral: o Brasil responde por cerca de 33% do café, 60–70% do suco de laranja norte-americano, e exportou volumes recordes de carne no início de 2025 — mais de 214 mil toneladas só entre janeiro e maio . Essas exportações fortalecem o agronegócio nacional, mas ficam ameaçadas pelo novo freio comercial.


Mercados maduros, alternativas ou conflito?

Enquanto os EUA buscam reequilibrar sua balança comercial — ostentando um superávit significativo com o Brasil — o país sul-americano responde afirmando que essa medida é desproporcional e deverá recorrer à OMC e à Lei da Reciprocidade, caso não avance o diálogo.

Pesquisadores apontam que, embora os EUA sejam um cliente importante, o Brasil já diversificou seu comércio, com China representando cerca de 28% das exportações, contra apenas 12% dos EUA. E isso pode ajudar a mitigar o impacto no crescimento doméstico — estimado em redução de até 0,4 ponto porcentual do PIB .


Embora o foco das taxas seja exportação, o movimento ecoa em outros elos da cadeia. O real sofreu desvalorização, o que encarece importados no Brasil — desde equipamentos de cozinha até vinhos, azeites e temperos estrangeiros. Restaurantes que dependem desses insumos já vem revendo custos e menus.


A alta dos preços internacionais e o risco de corte de volumes forçam chefs e gestores a redesenhar menus, valorizando matérias-primas nacionais ou reforçando storytelling sobre ingredientes locais. Há também uma forte tendência de que se intensifique o uso de insumos brasileiros com agrotecnologia de ponta — um caminho reforçado pelas recentes premiações para o agronegócio nacional .


Risco, mas também oportunidade estratégica

O aumento das tarifas norte-americanas é um choque político-econômico com impacto direto nas commodities que entram na cozinha brasileira e nas mesas mundo afora.


Sociedades de restaurantes, produtores e distribuidores precisarão agir rápido, reavaliar fornecedores e adaptar estratégias de menu, reforçando ingredientes com sabor brasileiro.

Ao mesmo tempo, o Brasil tem campo fértil para buscar novos mercados, fortalecer cadeias locais e transformar o momento em estímulo à inovação em torno do que produz com excelência. A balança do sabor pode até pesar de repente, mas ainda há espaço para virar o jogo.

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